Aluna: Christine Lobo
A passagem do século XIX para o século XX foi muito
festejada na Europa. Afinal os europeus, naquele momento, dominavam os
continentes africano e asiático e exerciam poderosa influência econômica sobre
o continente americano, onde começava a despontar uma poderosa potência, os
Estados Unidos, mas que não chegava ainda a rivalizar com as grandes potências
do Velho Mundo. Os europeus viviam a Belle Époque.
A guerra anteriormente conhecida como a Grande Guerra, é
considerada diferente das demais que aconteceram. O principal motivo para tal
distinção foi o fato de que ninguém esperava que tal conflito duraria quatro
anos. Nenhum soldado estava preparado e nem entendia a gravidade da I Guerra
Mundial. Parecia que o começo da guerra era o final dela, já que os soldados
partiam tão felizes para lutar. Havia o desejo de participar desse momento histórico. A
chegada da guerra trouxe entusiasmo para os europeus.
Já havia muitos conflitos entre diferentes territórios e a
guerra foi uma síntese de vários fenômenos, mas o começo dela foi marcado pelo
assassinato do arquiduque austríaco na Bósnia, Franz Ferdinand. Ele foi
assassinado no dia 28 de julho de 1814 pela Sérvia, e o início da guerra se deu
exatamente um mês depois, com o ataque austríaco na Sérvia. O assassinato de
Ferdinand foi o pretexto para o início da Grande Guerra.
Existiam dois grandes acordos entre países, caracterizando
uma situação de oposição entre poderosas áreas na I Guerra Mundial. Essas duas
alianças eram chamadas de:
. Tríplice Entente: formada pelos países França,
Rússia e Inglaterra. Esses países tinham vários acordos entre si.
. Tríplice Aliança: formada
pelo Império Alemão (que na época ainda possua um caesar), pelo Império Austro-Húngaro e pela Itália. A aliança dos
dois primeiros países era muito forte.
O Brasil
O Brasil não teve muita participação nessa guerra, apesar de
ter chegado a mandar um navio cheio de soldados, que acabaram ficando doentes
devido a uma gripe contagiosa. Entretanto, o Brasil também enviou médicos e
enfermeiros que auxiliaram na Grande Guerra.
A Itália
O país inicialmente não deseja fazer parte da guerra.
Formalmente, ela faz parte da Tríplice Aliança, possuindo um acordo diplomático
com a Alemanha. Todavia, em 1815, o país toma posição na guerra ao lado da
Tríplice Entente, lutando contra a Áustria, que era o grande obstáculo para a
sua tardia unificação. Por esse motivo, os italianos almejavam recuperar as
suas terras tomadas pela Áustria.
A Grande Guerra é muito mais conhecida como I Guerra
Mundial. Entretanto, se havia somente alguns países europeus lutando uns contra
os outros, por que ela é considerada como uma guerra mundial? A resposta
encontra-se justamente nos movimentos do colonialismo e do neocolonialismo,
também conhecido como Imperialismo. Muitos países foram atingidos por essa
guerra, soldados africanos e asiáticos foram inseridos nela de maneira extrema,
tendo havido lutas até mesmo em seus territórios. Todas as colônias lutavam com
as suas metrópoles. Não chegou a haver lutas em territórios americanos, apesar
de estes também terem lutado em territórios europeus. Pela primeira vez ocorre
uma guerra que reúne todas as potências do globo.
No início do século XX, as grandes potências já eram
altamente industrializadas e extremamente poderosas, não só industrialmente,
mas belicamente. Alguns autores marcam o início do século XX em 1914, quando o
mundo transformou-se completamente e a Belle Époque acabou. Nesse momento, a
industrialização e o conhecimento avançado passaram a ser utilizados para a
fabricação de armas. A guerra atuou como uma espécie de muro que se chocou
contra a Belle Époque, período em que se acreditava na felicidade e na
prosperidade permanente.
Antecedentes
- Hegemonia europeia
1) Expansão Imperialista (formação de impérios coloniais)
O século XX começa com a Europa no topo. A expansão
imperialista é uma demonstração da dominação europeia, com a formação de
diversos impérios coloniais. A Inglaterra e a França eram as potências que mais
avançavam na corrida imperialista.
2) Supremacia comercial, industrial e financeira
Com a Revolução Industrial, a Europa foi o palco do avanço
industrial. O continente exportava muitos produtos industriais e importava
muita matéria-prima de países ainda em desenvolvimento, ou de colônias.
Os Estados Unidos começou a desenvolver-se industrialmente
cada vez mais. Entretanto, a indústria siderúrgica foi aquela que mais avançou
em tal país.
A Europa exportava muito capital, fazia empréstimos e
investimentos. Ela era credora de vários países.
Justamente pelo avanço industrial e tecnológico da época,
além da corrida imperialista, um dos motivos para a I Guerra Mundial foi o
conflito entre a Inglaterra e a Alemanha, as maiores potência da época.
O poder inglês era tão amplo, que as transações econômicas
entre países eram feitas com a libra e, após a guerra, passaram a ser feitas
com o dólar.
3) Hegemonia cultural
Os países europeus representavam modelos culturais para
diferentes países, sobretudo a França. Eles eram vistos como modernos e com
estilos avançados dos demais países e por isso eram adotados como padrões.
4) Triunfo do liberalismo econômico e político
No período antes da guerra, as pessoas participavam do
comércio, e não de guerras, ainda mais porque não havia tido guerras entre as
Grandes Potências nos últimos tempos. Esses viviam no mundo ideal, onde um
inglês poderia levar a vida sem nem ao menos sentir a presença do Estado, por
este ser extremamente liberal e o capital ser totalmente livre. O liberalismo
foi uma das principais vítimas da guerra.
Fatores
Apontar apenas
uma razão para a I Guerra Mundial é complicado. Havia uma infinidade de
situações problemáticas e de questões mal ou não resolvidas que conduziram a
Europa e, depois, o mundo à guerra.
Nessa guerra e,
em qualquer conflito, o que aproxima os países são inimigos comuns.
Imperialismo
O Imperialismo, que levara os europeus a dominarem amplamente
os continentes africano e asiático, foi um fator poderoso para a guerra, porque
lançou as nações europeias a uma disputa ferrenha por áreas coloniais. Quando
não havia mais nada para ser dominado, os países que entraram tardiamente na
corrida imperialista, necessitando de colônias, entenderam que lhes era
necessário propor à Inglaterra e à França uma redivisão das áreas coloniais,
com o que estes países, evidentemente, não concordaram.
França versus Alemanha
Décadas antes do século XX, em 1870, ocorrera uma guerra
denominada de Franco-Prussiana. O vencedor foi revelado em, em média, cinco
semanas. A Alemanha triunfou sobre a França e exigiu uma série de processos que
fizeram parte de uma grande humilhação que os franceses sentiram e que os
fizeram desejar vingança. Era o revanchismo francês, considerado um sentimento nacionalista na
época.
Logo no fim da guerra, Napoleão III foi deposto, causando o
começo do processo de humilhação. Para piorar a situação, os alemães exigiram a
coroação do Primeiro Ministro da Alemanha na Sala de Espelhos do Palácio de
Versalhes, que Luís XIV havia construído no período do Absolutismo e da ideia
de que ele era o Rei Sol. A sala foi construída sob a ideia da força do país e
de que a França iria conquistar a paz europeia. Foi também na Sala dos
Espelhos, que os franceses foram obrigados a ceder o território da Alsácia
Lorena.
Havia um desejo de vingança muito grande da parte dos
franceses. A Alsácia Lorena era um território muito disputado e a humilhação
que a França passou foi tão extrema, que o ódio aos alemães era ensinado nas
escolas.
Havia também uma questão imperialista entre os dois países,
pois ambos cobiçavam o território de Marrocos e o último conflito pela posse de
tal área foi muito próximo da I Guerra Mundial, em 1913.
Inglaterra e Alemanha
Até um tempo, a Inglaterra era considerada a oficina
econômica do mundo. Porém, rivalidades econômicas entre o país e a Alemanha
começam a aumentar, à medida que a última começa a crescer cada vez mais.
Enquanto as relações comercias do Brasil com a Inglaterra
fossem a maior do nosso país no século XIX, já no início do século XX os
Estados Unidos começa a associar-se muito mais economicamente com o Brasil,
seguido em segundo lugar pela Alemanha. Em 1913, após os EUA, a Alemanha já é a
nação mais poderosa do mundo. A Inglaterra passa a, então, temer cada vez mais
a perda de mercados.
Há também uma rivalidade imperialista com o país, além de
uma corrida naval armamentista. A Inglaterra era, até então, a Rainha dos
Mares, mas estava deixando de ser. Apesar de essa corrida englobar vários
países europeus, a maior competitividade encontrava-se entre a Alemanha e a
Inglaterra.
O apoio que a Alemanha deu aos Bôeres nos conflitos que ocorreram
em território africano, também aumentou a rivalidade da Inglaterra e da
Alemanha.
Corrida Armamentista
Nenhum país estava verdadeiramente preparado para a guerra.
Como visto anteriormente, a Alemanha liderava junto com a Inglaterra essa
produção bélica, gerando competitividade. Entretanto, nem mesmo eles estavam
preparados para o que vinha a seguir. Quando a guerra começa, a capacidade de
produção de armas era menor do que a necessidade delas.
Por isso, houve a criação da ideia de Paz Armada, citada
abaixo.
É importante ressaltar que todos os governos apelavam para o
conceito de “paz armada” para justificar os novos gastos militares. Segundo
eles, preparar-se para a uma guerra era a melhor maneira de garantir paz, pois
os possíveis adversários não ousariam iniciar um conflito contra uma nação
fortemente armada. É um argumento falho, já que cada Estado, vendo os outros se
armarem, também procurava fazer o mesmo.
Nacionalismo Exacerbado
O nacionalismo exacerbado não é patriotismo, mas surge da
ideia de que o benefício está no prejuízo do outro. O nacionalismo foi um
sentimento cujos significados variaram muito na história.
Na metade do século XIX, com a Primavera dos Povos, o
nacionalismo estava ligado à ideia de união dos países e povos neles
residentes.
Já em anos próximos da I Guerra Mundial conflitos
nacionalistas pipocavam em toda a Europa com a ideia de ser superior ao outro,
ser beneficiado através do sufrágio do outro. A Irlanda procurava libertar-se
da Inglaterra; na Alsácia-Lorena a situação era muito tensa, pois a população
francesa almejava libertar-se dos alemães. No interior do Império
Austro-Húngaro, dezenas de nacionalidades eram reprimidas: italianos, sérvios,
croatas, eslovacos, eslovenos, tchecos, poloneses, húngaros, todas desejando
seus próprios Estados Nacionais.
Na região balcânica, área que parecia ser tão sem
importância, essas questões eram explosivas. Os europeus de diferentes países
começam a cobiçar cada vez mais o domínio sobre a região. A região ainda fazia
parte do Império Turco até que, no início do século XX, conseguiu se libertar. Surgiram,
então, a Bulgária, a Romênia, a Sérvia, a Grécia e a Bósnia-Herzegovina como
Estados soberanos. Os sérvios queriam incorporar territórios vizinhos para ter
acesso ao mar, contrariando os interesses austríacos, que não desejavam ter
vizinhos poderosos.
Alemãs e russos possuíam, ainda, projetos de unir os povos
germânicos e eslavos. O pangermanismo
consistia em dominar as áreas da Europa onde houvesse contingentes germânicos
(Países Baixos, Luxemburgo, Império Austríaco) e o pan-eslavismo visava transferir para o
Império Russo o controle de todos os povos eslavos europeus (e eles estavam
fundamentalmente radicados na península Balcânica).
Tantos conflitos provocados pelas questões nacionalistas
alimentavam o receio de uma guerra, e cada país procurava se armar contra a
suposta ameaça. Nesse momento, começa a haver a formação de alianças.
Ao fim de várias negociações nesse sistema de alianças, conseguiu-se fechar a
Tríplice Aliança, envolvendo os Impérios Alemão e Austro-Húngaro e a Itália.
Sabedores dessa aliança, os franceses, preocupados com a
possibilidade de serem invadidos, procuraram fazer seus pactos. Aproximaram-se
da Inglaterra e, posteriormente, fizeram acordos econômicos com o Império Russo
e acertaram a Tríplice Entente, cujos objetivos eram defensivos, como a
Tríplice Aliança. Esse sistema de alianças refletiam as tensões existentes e
ajudam a esclarecer as engrenagens que deram início à guerra, no verão europeu
de 1914.
A península balcânica
A península balcânica sempre foi considerada uma área
extremamente complicada e palco para muitos conflitos. Nesse período, a região
balcânica se encontrava no meio de interesses divergentes. A península era
dominada pelo Império Otomano (parte do Estado turco), o que acarretava muitos
conflitos de dominação e de território. Um dos interesses comuns dos europeus
era o de enfraquecer esse império turco e, após algum tempo, a Áustria passou a
vencer o império da região e a dominar diferentes áreas.
A Sérvia, que fazia parte da península balcânica, aliou-se à
Rússia que apoiava os eslavos que lá viviam e desejava dominar os estreitos que
lhe garantiriam o acesso ao Mediterrâneo. Já o Império Austro-Húngaro, não via
com bons olhos a possibilidade do surgimento de novos Estados que viessem a
trazer-lhe dificuldade. Enquanto isso, a Bulgária aliava-se com a Alemanha.
Em 1908, ocorreu a primeira crise , quando os austríacos
anexaram as regiões da Bósnia e da Herzegovina, provocando a ira dos sérvios.
Em 1912, ocorreu a segunda crise, quando se formou a “liga balcânica”, que
entrou em guerra contra o Império Turco, vencendo-o e tornando possível a
independência da Albânia, Sérvia, Bulgária, Grécia e Montenegro.
Impulso para a guerra
A independência da Albânia e a anexação da
Bósnia-Herzegovina pelos austríacos impediam que a Sérvia realizasse seu
projeto de expansão em direção ao mar. Isso causou descontentamento e levou os
setores mais radicais dos nacionalistas sérvios a criarem uma organização
terrorista, a Mão Negra, que tinha
ramificações na Bósnia. E foi justamente um estudante da Bósnia, Gavrilo
Princip, quem recebeu a incumbência de executar o plano de assassinato do
arquiduque austríaco Franz Ferdinand e de sua esposa.
O ultraje para os austríacos era que alguém de sangue real
fosse assassinado, apesar de ele não ter tanta importância para a Áustria
(mesmo sendo o herdeiro do trono). A ideia de que o governo sérvio estava
atentando contra a Áustria espalhou-se por todo o país.
A verdade é que o assassinato de Ferdinand serviu muito mais
como uma desculpa do que como uma razão para os austríacos declararem guerra no
mês seguinte. A Áustria sempre desejou a região da Sérvia. Belgrado, capital da
Sérvia, foi alvo de uma forte desconfiança, tendo os austríacos acreditado que
a capital participara do plano.
O culpado foi torturado e confessou o seu envolvimento com
os sérvios. Foi o que bastou para que o governo austríaco exigisse uma série de
providências. A Rússia deu toda proteção aos sérvios.
Num primeiro momento, o governo sérvio optou por atender a
algumas das exigências austríacas, recusando apenas a que feria a soberania
sérvia. O imperador austríaco não aceitou tal recusa e o governo sérvio passou
a recusar todas as exigências, recebendo assim, a declaração de guerra, em 28
de julho de 1814. Era o início do conflito que, por meio de alianças e pactos,
envolveu diversos Estados.
Antes do dia 28 de julho, vários países já mobilizavam seus
exércitos para a guerra, dentre eles a Rússia, a Alemanha e a Áustria-Hungria.
De 28 de julho até 4 de agosto, todos os países protagonistas da guerra já
estavam envolvidos no conflito.
Plano Schlieffen
Em 1914, os alemães tinham claros interesses em vencer conflitos
rapidamente e assim desfrutar das conquistas resultantes de um rápido triunfo.
Entretanto, o elevado desenvolvimento bélico das nações inimigas tornava esse
projeto um tanto quanto complicado. Nesse contexto, o Plano Schlieffen entrou
em ação para viabilizar os objetivos militares germânicos.
Criado em 1905, por Alfred von Schlieffen, Comandante do Exército alemão, esse plano oferecia uma alternativa para que os alemães vencessem uma guerra na Europa.
Criado em 1905, por Alfred von Schlieffen, Comandante do Exército alemão, esse plano oferecia uma alternativa para que os alemães vencessem uma guerra na Europa.
A Alemanha dividia fronteiras com duas grandes adversárias
na I Guerra Mundial: a França e a Rússia.
Segundo o plano, os alemães deveriam investir em um pesado
ataque contra a França, já que a fronteira com o país não era tão grande quanto
a fronteira que compartilhavam com a Rússia. A ideia da Alemanha é derrotar
rapidamente a França em somente seis semanas, para depois derrotar o ameaçador
exército russo. Os alemães haviam provado, anteriormente, a sua capacidade de
derrotar a França em pouco tempo (na Guerra Franco Prussiano, de cuja duração
também foi de seis semanas).
Entretanto, a França tinha mobilizado poderosos exércitos em
sua fronteira. Logo, a Alemanha bolou um plano um tanto mais complexo:
atravessar o território belga para conseguir atacar o exército francês. Essa
passagem atrasaria os alemães, ao invés de ajudar.
A Inglaterra enviou um ultimato à Bélgica para que o país
permitisse a sua passagem. Rapidamente, o país negou o caminho pelo seu
território para alcançar a França. Isso provocou a invasão alemã no território
belga.
Em 1o de agosto de 1914, a Alemanha declara
guerra contra a Rússia. Como a Rússia não aceitava o fortalecimento da Áustria
e desejava dominar áreas da península balcânica, ela declarou proteção aos
eslavos. Em 3 de agosto, a Alemanha também declara guerra contra a França.
Até esse momento, nenhum país declara guerra contra a
Alemanha. Até a Inglaterra se inserir na guerra.
Inglaterra se cansa de esperar
Até então, a
Inglaterra só observava o que acontecia no restante da Europa. Os conflitos em
diversas regiões e o revanchismo em outras não eram compartilhados pelo país,
cujo antecedente na guerra era principalmente o seu desejo de continuar sendo a
Rainha dos Mares e a maior potência da Europa. Por esse motivo, sua maior
rivalidade era a Alemanha.
O país divulga
pelo povo o quanto seria ruim a França ser derrotada pelos alemães. Mas, na
verdade, o que a ideia representa é o quanto seria ruim a Alemanha vencer e se
tornar a grande liderança do continente europeu. Por isso, a Inglaterra almeja
entrar na guerra e vê sua oportunidade com a invasão alemã na Bélgica.
Em 1839, a
Inglaterra assinou um acordo de neutralidade com a Bélgica e utilizou-se do
pretexto de defender o país devido a esse acordo. A Inglaterra viu a
oportunidade de se inserir na guerra pelo acordo de neutralidade com a Bélgica
de 1839 e em 4 de agosto de 1914, declarou guerra à Alemanha.
A invasão da
Bélgica era parte do Plano Schlieffen. A força esmagadora da Rússia seria
derrotada na concepção dos alemães após a invasão à França através da Bélgica.
Mas tomar o caminho da Bélgica atrasou os alemães. O rei Albert I, na Bélgica,
podia não ter o melhor exército europeu, mas era durão. Ele estava disposto a
lutar contra a Alemanha. Em Liege, uma cidade da Bélgica, chegou-se a destruir
pontes para impedir o avanço alemão pelo território.
Os alemães, bem
equilibrados belicamente, foram avançando à medida que a guerra se prolongava.
Aos poucos, foram surgindo trincheiras da Bélgica à Suíça. O exército britânico
vinha chegando cada vez mais das colônias e do próprio país.
Obs.: as
mulheres já trabalhavam em fábricas de arma nessa época. Essa foi uma mudança
grande no papel da mulher na sociedade que a guerra trouxe.
Na véspera do
Natal de 1914, uma trégua espontânea e não oficial entre o exército inglês e
alemão ocorreu. Os soldados chegaram a trocar souvenires e lembranças, cantaram
músicas natalinas.
Quando os
oficiais da guerra descobrem sobre a Trégua de Natal de 1914, eles ficam
furiosos. Na guerra, não se olha para o outro e nem para si mesmo como humano.
Eles tinham que olhar para o outro como inimigo, adversário, não como se fosse
um homem, que tivesse família e vida. Por isso, o racionalismo foi uma vítima da guerra.
Fases da Guerra
Primeira Fase: Guerra de Movimento (1914 – 1915)
Muitos
conflitos ocorriam ao mesmo tempo. Batalhas aconteciam na Bélgica, confrontos
envolvendo Alemanha e França se desenrolavam e austríacos e russos
encontravam-se na Bósnia para lutar. Os belgas atrasaram os alemães, retardando
seu avanço. Entretanto, apesar de os alemães não conseguirem avançar, os belgas
também não conseguiam fazê-los recuar.
Esse primeiro
momento é caracterizado, sobretudo, pelo avanço alemão. Apesar de eles não
conseguirem progredir, nenhum exército conseguia expulsá-los de territórios.
Segunda Fase: Guerra de Trincheiras (1915 – 1916)
Nessa fase da
guerra ocorreu principalmente a construção de trincheiras urbanizadas. A
dificuldade era avançar dessas trincheiras. É por isso que, nessa época, houve
grande avanço bélico. Os tanques de guerra começaram a ser desenvolvidos nessa
época, servindo como grande forma de passar pelas trincheiras. Eles precisam
passar pelo exército adversário, fazê-los sair de territórios. No final da
guerra, as trincheiras cortavam quase toda Europa Ocidental, da Bélgica à
Suíça.
Os exércitos
passavam meses nas trincheiras. A realidade da guerra era péssima e as
trincheiras ofereciam condições péssimas para os soldados. Apesar de a estratégia
mais utilizada ter sido dormir de dia e atacar de noite, todos faziam o mesmo
processo.
Antes de chegar
à terceira fase da guerra, falemos um pouco mais sobre a participação dos
Estados Unidos na guerra.
Estados Unidos
A partir do
momento em que a Doutrina Monroe foi instaurada nos Estados Unidos, o país
passou a adotar uma postura isolacionista e tentava não se envolver muito em
questões mundiais que podiam prejudicar seus interesses.
Durante o
período da I Guerra, o presidente Woodrow Wilson conquistou o slogan de ser
aquele que manteve o país fora da guerra. Entretanto, em 1917, um navio
estadunidense é atacado e o ódio do país aumentou. O presidente Wilson foi ao
Congresso nesse mesmo ano, alegando que a guerra da Alemanha era contra o
comércio e a as relações econômicas que os EUA mantinham com países como a
França e a Inglaterra. Por isso, ele pede para entrar na guerra nesse Congresso
e convence a todos.
A Alemanha
estava se tornando cada vez mais forte e, se ela ganhasse a guerra, os
interesses financeiros estadunidenses entrariam em risco. Esses interesses
envolviam a França e a Alemanha.
No dia seis de
abril de 1917, os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha.
1917 foi um ano
marcante também devido à saída da Rússia da guerra. Em pleno século XIX, o país
ainda era feudal e sua industrialização era atrasada. A guerra agravou a crise
econômica que sucedia no país. O Czar caiu em fevereiro de 1917, o que veremos
mais detalhadamente no próximo resumo.
Para sair da
guerra, o país teve que negociar com os inimigos. A Rússia cedeu territórios
para a Alemanha, sendo esse o desejo alemão desde o princípio. No fim da
guerra, esses países se tornam independentes. Portanto, a entrada dos EUA na
guerra compensa um pouco a saída da Rússia.
Terceira Fase: vitória dos aliados (1918)
No dia 11 de
novembro de 1918, a Alemanha assinou um armistício, declarando um cessar fogo e
dando fim aos combates. Não é ainda o Tratado de Paz, mas é o início das
negociações. O país fracassa.
Os Problemas da Guerra
. Econômicos
Problemas de
abastecimento: racionamento.
A burguesia passava por algo que nunca havia antes passado: o controle da
quantidade de coisas, a restrição e limitação do volume de alimentos para o
povo, que antes viviam a Belle Époque. A partir de então, todas as gerações que
vieram adquiriram a ideia de não desperdiçar nada. Esse racionamento foi muito
duro para os burgueses acostumados com a abundância e com a fartura.
Além deste
problema, temos outros de caráter econômico: a intervenção estatal na economia
e o endividamento dos países europeus com os Estados Unidos.
A economia da
época estava voltada para a guerra. Com a intervenção estatal, o governo passa
a influenciar a economia, vitimando o liberalismo econômico.
Durante a
guerra também ocorreu o fortalecimento do poder executivo, fazendo com que os
parlamentos se tornassem menos autoritários.
Diante da
realidade da guerra, o nacionalismo também enfraquece. Muitos soldados
abandonaram seus postos. A “União Sagrada” representa um termo do nacionalismo
no qual todos trabalham para a vitória de seus países, mas as situações
precárias que muitos passaram durante a guerra atingiu os limites dela.
Obs.: não se
sabia muito bem como o Movimento Operário agiria durante a guerra, mas até os
trabalhadores diminuíram a sua força e seu domínio durante a guerra.
Resumindo os efeitos da Guerra:
. Desequilíbrio entre produção e consumo
que gera crise econômica e inflação.
. Fim da Belle Époque.
. Inflação no fim da guerra.
. Destruição e mortes de muitos homens.
. Europa entra em declínio: antes da
Guerra, ela ocupava uma posição hegemônica. Super potências a formavam. Mas os
EUA alcançam a importância dela. Apesar de ainda não ser a maior potência
mundial, houve a ascensão dos EUA.
. Pauperização das classes média.
. Agravamento da crise russa.
. Projeção social e política da mulher,
que passa a ter uma posição diferente. Algumas trabalharam na Guerra.
. Desaparecimento dos grandes impérios:
alemão, austro-húngaro, turco-otomano (que se desintegra) e russo.
. Surgimento de novos países em função
do fim dos grandes impérios.
. Fascismo surge com o declínio do
pensamento liberal.
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