quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Revolução Russa

Aluna: Christine Lobo       

A Revolução Russa que ocorreu em 1917 não pode ser considerada um fato inevitável, apesar de a I Guerra Mundial ter tornado mais possível a sucessão dos acontecimentos que depuseram o Czar do poder em fevereiro de 1917.
A Rússia Czarista contava com cerca de 170 milhões de habitantes, sendo que 80 – 85% deles viviam nos campos do país em pleno século XX. A industrialização no país era recente, tendo começado no fim do século XIX. O capital estrangeiro (inglês, alemão, belga, francês) era aquele que mais atuava no setor industrial do país. A burguesia era fraca e seu número não era elevado. Ela dominava somente as pequenas e médias empresas do país, já que as grandes estavam nas mãos dos capitalistas estrangeiros. A burguesia era influenciada pelas ideias liberais do Ocidente, descontente com o autoritarismo do Czar e com a administração corrupta.
O operário era de origem rural, não qualificado. Por isso, seu salário era baixo e as condições de trabalho eram precárias e sua vida, miserável. Era receptivo às ideias socialistas. O país estava longe de conquistar uma reforma agrária.
Já o camponês viveu o esquema feudal até 1861 (fim da servidão) dentro de uma estrutura comunitária, no chamado MIR (comunidade aldeã que era a célula econômica e social básica). Com o fim da servidão, teve início uma “reforma agrária” pois começaram a ser vendidas as terras a preços altos para os camponeses, que não podiam compra-las, e tal fato agravou a desigualdade social. Muitos homens das cidades se tornaram proprietários e poucos camponeses enriquecidos puderam comprar terras. Isso levou ao agravamento da crise social, com o empobrecimento de muitos camponeses e ao surgimento do kulaks (burguesia rural).                                                       
Tudo isso nos faz pensar em como foi possível ter acontecido uma revolução socialista em um país semifeudal e com um capitalismo incipiente. Haveria condições históricas no país para a construção de um socialismo democrático?

Sabe-se que, a Revolução Russa alterou a geopolítica mundial, tendo sido um dos maiores acontecimentos do século XX. Ela serviu de referência socialista para muitos países do mundo e constituiu um contraponto ao sistema capitalista.
 

A estrutura pré-revolucionária

Na Rússia pré-revolucionária, a monarquia ainda era absolutista. O Czar era considerado o representante de Deus na terra e ele era apoiado pela aristocracia rural, pela burocracia civil, pelo Exército e pela Igreja Ortodoxa (que impunha a religião para os russos).
Havia também ausência de liberdades individuais e repressão às oposições do regime do Czar. A censura era atuante. Além disso, corrupção, arrogância e desprezo pelo povo eram ações frequentes do Estado. As diferentes nacionalidades eram marginalizadas pelos russos. A perseguição política era grande e tanto a língua quanto a religião eram impostas ao povo.
Como já dito anteriormente, a Rússia era uma nação semifeudal. A terra era um grande problema, já que poucos podiam acessá-las. Ou seja, havia a concentração de terras.
O Czar, que era extremamente autoritário, prendia e executava incontáveis habitantes. As injustiças sociais eram preocupantes.
Estrutura Econômica: economia majoritariamente agrária, contando com várias técnicas para o cultivo. A base da economia era a agricultura (concentração de propriedade e relações de trabalho desiguais).
Industrialização: baseada em investimentos de capital estrangeiro. A burguesia era fraca politicamente e os polos industriais eram as cidades S. Petersburg, Moscou e Kiev.

               

Estrutura Social: registrada por valores aristocráticos. A estrutura era anacrônica, ou seja, ultrapassada, fora de seu tempo, sendo composta pelo operariado industrial (concentrado em poucos lugares, possuíam longas jornadas de trabalho, salários e condições precárias, além da existência do trabalho infantil); pelo campesinato (cujo grande desejo era o de alcançar as terras) e pela burguesia (fraca, que vagava pela sociedade).
Estrutura Política: o absolutismo ainda é o tipo de governo utilizado na Rússia. Após 1905, os partidos políticos começam a aparecer, assim como o Parlamento, que foi chamado de Duma. Era um regime autoritário e centralizado, além de ser um império plurinacional, com diversas nações subordinadas aos russos. Muitos povos tinham desejo de autonomia.
Um ponto importante a ser explorado é o de que com o operariado concentrado, a mobilização política é favorecida e os operários comunistas irão surgir dessa maneira.
O liberalismo e as ideias marxistas vindos do Ocidente chegam à Rússia somente no fim do século XIX. É por isso que ela pode ser considerada anacrônica nesse período.
Muitos problemas eram comuns de acontecer na Rússia: duros invernos, baixos salários, perdas de colheita, difusão de doenças, altos preços de produtos industrializados, miséria e fome.

A Oposição
A oposição desenvolveu-se na clandestinidade, sendo baseada em ideologias ocidentais. Eram muito reprimidas pelo governo absolutista czarista.

. O Populismo: valorização do camponês, defendendo um socialismo agrário baseado no MIR, exaltando as tradições rurais e influenciado pelo anarquismo. Valorização do camponês e adeptos ao terrorismo. Era o Partido Socialista Revolucionário.

. O Marxismo: antes existia como atividade intelectual apenas, mas deu origem ao Partido Operário Social Democrata Russo, que se dividiu em duas tendências em 1903.

1) Bolcheviques (Lênin): eram favoráveis à atuação revolucionária, pretendiam acelerar o processo de luta de classes através de greves e propagandas; condenavam o terrorismo; apoiavam-se nos operários e pretendiam conseguir uma aliança com os camponeses. Era um partido mais fechado, que defendia a participação de ideias profissionais. Significa maioria.

2) Mencheviques (Martov): acreditavam que a luta de classes levaria à destruição da sociedade burguesa; condenavam o terrorismo; eram moderados e abertos à aliança com quaisquer elementos anti-czaristas, mesmo a burguesia. Era um partido mais aberto, contando com outros grupos sociais.

O Anarquismo (nihilistas)

1) Bakunin: pretendiam destruir a sociedade burguesa pela ação direta contra o czarismo; defendiam o terrorismo como forma de ação.  
2) Kropotkin: pregavam a desobediência civil para desorganizar a sociedade e eram contra a violência.

O Liberalismo: Partido Constitucional Democrata, que pretendia estabelecer uma monarquia constitucional no estilo ocidental, reunindo elementos da burguesia e a nobreza liberal (conhecidos como cadetes).


A Revolução de 1905

A notícia do massacre conhecido como Domingo Sangrento e a insatisfação social resultante da derrota na Guerra Russo-Japonesa, a centelha da grande revolta de 1905 foi acesa. Com o descontentamento, greves foram muito frequentes na Rússia no ano de 1905. Quase 1 milhão de trabalhadores cruzaram os braços. Esse descontentamento foi provocado pela:
. Existência de camponeses que sofriam com impostos, com os altos preços dos produtos industriais e por não serem proprietários.
. Situação explosiva das cidades devido à miséria, à fome e a epidemias (cólera).
. Política de russificação (imposição da língua russa e religião ortodoxa).
. Aumento da oposição, feita especialmente pelos partidos citados acima.

Causas imediatas (que precipitaram a revolução):

. Perda da Guerra Russo-Japonesa, que representou a fragilidade do império czarista. Foi uma guerra imperialista, pois os russos queriam dominar outros países. Pela primeira vez, uma potência europeia é vencida por um país asiático. Isso desmoralizou a Rússia externamente e demonstrou a fraqueza do império czarista.
. As guerras frequentes e o terrorismo.

O Domingo Sangrento
Um padre ortodoxo liderou um grupo grande de trabalhadores manifestantes, tendo redigido uma carta pedindo maior compreensão pelos direitos dos mesmos. A população se mobilizou, cantou músicas e levou velas, se dirigindo ao Palácio de Inverno.
Tal manifestação terminou com centenas de mortes, já que os policiais abriram fogo contra os civis. A população pensava que o Czar poderia ouvi-los e a crença de que o Czar iria proteger a sua população foi abalada, com a destruição de sua confiança neste domingo. Esse movimento foi o auge da crise revolucionária e modificou o curso da história russa. 
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O abismo entre as camadas populares e a nobreza e a massa dos camponeses continua crescendo. A situação de crise econômica e social se agrava cada vez mais.
O movimento de 1905 alastrou-se pelo país e traduziu-se em ondas de sangue, destruição de propriedades da nobreza e manifestações contra a aristocracia e a Igreja Ortodoxa.
Esse perigoso quadro explosivo estendeu-se às Forças Armadas: em junho, os marinheiros do Encouraçado Pontemkin, o maior navio de guerra da marinha czarista, protestaram contra os maus tratos, a má alimentação e a rígida e violenta disciplina imposta pelos oficias de origem aristocrática. Após a execução dos oficiais, os marinheiros declararam sua rebelião contra o regime. 

                                        
No mês de outubro de 1905, as greves atingiram seu auge. Insuflados principalmente pelos bolcheviques, cerca de 2 milhões de operários paralisaram suas atividades. Esse é o momento de surgimento dos sovietes, cuja tradução é conselhos, constituídos por representantes do operariado.
Resumindo tudo o que aconteceu na revolução de 1905: greves, domingo sangrento, insurreições (motins), manifestações e criação dos sovietes de S. Petersburg.
Apesar de reprimir muitos movimentos, o Czar decide aceitar algumas concessões para a população, demonstrando que o governante não era inatingível. Ele fez promessa de reformas e instalou a Duma (Parlamento).
A Duma é um parlamento conservador e facilmente manipulável pelo Czar. É a 1ª concessão mais importante. A 2ª foi a autorização para que os partidos políticos se formassem, o que deu origem ao Partido Socialista mais tarde.
Ele também permitiu o surgimento dos sovietes. Ele não reprimiu o seu movimento. Os sovietes não representavam um partido político e nem um sindicato. Ele era um conselho de trabalhadores. Formado por operários, camponeses e pessoas de diferentes ofícios. Alguns representantes dos trabalhadores das fábricas participavam dos sovietes para a discussão da política, para a solução de questões. Assim, os trabalhadores tinham voz no ponto de vista político. Era uma espécie de comitê.
Os sovietes realizam constantes reuniões. Era um organismo que permitia a comunicação entre os operários e que permitia a tomada de decisões. Tem como funções a divulgação e a mobilização.
O Czar praticamente ignorava os partidos políticos, a Duma e as revoltas acontecendo. Na prática, o sistema político permanecia o mesmo. A Duma não possuía autoridade alguma.
Em 1914, quando a guerra começa, a Rússia protege os eslavos e batalha principalmente contra os austríacos. Ela havia feito alianças com a Inglaterra e a França, e os três países formaram a Tríplice Entente. O Czar não sabia o que fazer, pois ambos os países haviam emprestado muito dinheiro ao país. Por isso, sair da guerra significava abandonar os países que tinham ajudado a Rússia.
A situação na Rússia caminhava se mau a pior. Muitos oficiais e soldados abandonaram seus postos na guerra. A crise de 1914 a 1917 é crescente e os problemas são cada vez maiores. Com as greves acontecendo, o Czar enforca muitos dos homens que participavam delas. Ele estava desesperado.
O êxodo urbano tornava-se cada vez mais frequente, já que não mais havia comida nas cidades. Já que a produção agrícola diminuiu, muitos migraram para os campos.
Em fevereiro de 1917, o Czar é deposto e um governo provisório é instaurado, no qual há a formação de bases no próximo regime. Nesse momento, pode-se caracterizar o pensamento dos russos como liberal. Já havia o desejo de aprofundar a Revolução no Socialismo.
Razões para a Rússia ter entrado na guerra

. Vinculação aos compromissos na Tríplice Entente.
. Dependência dos investimentos franco-britânicos.
. Pan-eslavismo.

Consequências da guerra para a Rússia

. Perdas humanas e materiais.
. Queda da produção e elevação dos preços e racionamento de produtos.

Função Histórica

. Aumento das contradições da estrutura russa.
. Revelação da ineficiência e do anacronismo do regime.
. Influência nas diretrizes políticas dos partidos.


Curiosidade – Quem foi Rasputin?

Ainda pequeno Rasputin começou a chamar a atenção dos moradores do vilarejo em que vivia, onde alguns achavam o menino era esquisito, enquanto outros diziam que tinha poderes sobrenaturais.
Em 1906, Rasputin se mudou para São Petersburgo, e apenas dois anos depois ele foi apresentado ao Czar Nicolau II e sua esposa, Alexandra Feodorovna. Foi aí que Rasputin começou a ganhar sua fama.
O monge foi procurado pelos czares que estavam desesperados para encontrar uma cura para o filho Alexei, herdeiro do trono. O menino sofria de hemofilia e Rasputin se tornou a única pessoa capaz de parar os sangramentos do príncipe.
Ainda assim, após a primeira “cura”, Rasputin ganhou a confiança da czarina e, durante os cinco anos seguintes, passou a exercer grande influência sobre o tratamento de Alexei. O monge assumiu o papel de conselheiro pessoal da czarina, e a mulher defendia sua presença na corte na crença de que Rasputin era a única pessoa capaz de salvar a vida de seu filho.

                                     
Segundo alguns, a influência do monge teria provocado o distanciamento dos monarcas de seu povo. Tudo isso ocorreu em um período que antecedeu a Revolução Russa, e a tensão  aumentou depois de o monge lançar a previsão de que a Rússia cairia em desgraça durante a Primeira Guerra Mundial, levando o Czar a partir para a batalha e deixar Alexandra encarregada dos assuntos domésticos. Os críticos acusavam Rasputin de usar seus poderes para envenenar a mente da czarina, embora ele tivesse pouca influência sobre assuntos políticos. Foi então que as tentativas de assassinato começaram. A primeira delas ocorreu em 1914, pelas mãos de uma prostituta que esfaqueou Rasputin, mas o monge milagrosamente sobreviveu. Depois, em 1916, um grupo de nobres elaborou um plano organizado que acabou funcionando.




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