sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Filosofia 2 ano 1 tri

Aluna: Christine Lobo
Aristóteles
Aristóteles estabeleceu as linhas mestras do principal instrumento do filosofar. Discutiu sobre os primeiros princípios, sobre as proposições e argumentos (dedução, analogia e indução). Ele criou as regras do silogismo para que as pessoas evitassem cometer falácias ou criassem argumentos inválidos.
A metafísica
Entre as diferentes contribuições de Aristóteles, uma das mais importantes foi a determinação dos conceitos na metafísica, ou a filosofia primeira.
Nas obras Metafísica e Sobre a Alma, Aristóteles criou a sua teoria sobre o conhecimento. De acordo com ele, conhecimento sensível e conhecimento racional são diferentes mas dependem um do outro. As ideias se originam no abstrato e então o intelecto, partindo do conhecimento sensível, forma os conceitos universais (conhecimento racional).
Cabe a metafísica buscar as causas mais universais e, portanto, as mais distantes dos sentidos (conhecimento sensível). É a metafísica que fornece a todas as outras ciências o fundamento comum. Cabe a metafísica examinar diferentes objetos, se eles são ou não alguma coisa, refletir sobre as suas propriedades.
O conhecimento verdadeiro
Segundo Aristóteles, a ciência é o conhecimento verdadeiro, o conhecimento das causas, que é capaz de superar quaisquer enganos das opiniões e alcançar a natureza do movimento. Por isso, recusa as ideias de Platão e sua interpretação sobre a oposição entre o mundo sensível e o mundo inteligível.
Para entender a teoria aristotélica, vamos descrever 3 distinções fundamentais realizadas por Aristóteles: substância (essência-acidente), ato-potência e forma-matéria.
Substância: essência e acidente
Costuma-se dizer que Aristóteles “trouxe as ideias do céu à terra” porque, para rejeitar a teoria das ideias de Platão, ele reuniu o mundo sensível e o mundo inteligível no conceito de substância: cada ser que existe é uma substância. A substância é o suporte dos atributos. Esses atributos podem ser essenciais ou acidentais.
. A essência é o atributo que convém a substância, de tal modo que, se não houvesse essência, a substância não seria o que é.
. O acidente é o atributo que a substância pode ter ou não, sem deixar de ser o que é.
Por exemplo, a substância “esta pessoa”, tem como atributo essencial a humanidade. Enquanto isso, tem como atributo acidental ser jovem ou idoso, gordo ou magro, alto ou baixo, atributos que não mudam a essência do ser humano.
Matéria e Forma
Além dos conceitos da essência e do acidente, Aristóteles recorre às noções de matéria e forma. Todo ser é constituído de matéria e forma.
. Matéria: é o princípio indeterminado de que o mundo físico é composto, “é aquilo que é feito de algo”.
. Forma: “é aquilo que faz com que uma coisa seja o que é”.
A forma é o princípio inteligível, a essência comum aos indivíduos de uma mesma espécie, enquanto a matéria é pura passividade e contém a forma em potência.
O movimento é explicado por meio das noções de substância e acidente, de forma e de matéria. Para Aristóteles, todo ser tende a tornar atual a forma que tem em si como potência.
Potência e ato
É necessário também saber os conceitos de potência e ato, que explicam como dois seres diferentes podem se relacionar, atuando um sobre o outro.
. A potência é a capacidade de se modificar, de se tornar, alguma coisa.
. O ato é a essência (a forma) da coisa como ela é aqui e agora.
Deve-se entender que não se trata de uma atualização definitiva, pois todos os seres continuam em movimento, recebendo novas formas.
Recapitulando: todo ser é uma substância constituída de matéria e forma. A matéria é potência, o que tende a ser. A forma é o ato. Portanto, o movimento é a forma atualizando a matéria, a passagem da potência ao ato.
A teoria das quatro causas
As considerações anteriores tornam mais claro o princípio da casualidade de Aristóteles. Tudo o que se move é necessariamente movido por outro.
Há quatro sentidos para a causa: material, formal, eficiente e final. Por exemplo, numa estátua:
. A causa material é aquilo de que a coisa é feita (mármore)                                                                   . A causa eficiente é aquela que dá impulso ao movimento (o escultor que modela)                                        . A causa formal é aquilo que a coisa tende a ser (a forma que o mármore adquire)                                           . A causa final é aquilo para o qual a coisa é feita (finalidade de fazer a estátua)
Essas são as causas que explicam o movimento (ou o devir), que para Aristóteles, é eterno.


Deus: Primeiro Motor Imóvel
A descrição das relações entre as coisas levou Aristóteles ao reconhecimento da existência de um ser superior, ou necessário, ou seja, Deus. Todo ser contingente foi produzido por outro ser, que também é contingente, porque somos transformados por causas externas. Para não ir ao infinito na sequência de causas, é preciso admitir a existência de uma primeira causa um Ser Necessário (e não contingente).
O Primeiro Motor Imóvel – por não ser movido por nenhum outro – é também um puro ato (sem nenhuma potência). Segundo Aristóteles, Deus é Ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de todo existente.
A física
Vejamos alguns pressupostos teóricos nos quais se baseia a física aristotélica.
A teoria do lugar natural
Segundo Aristóteles, os corpos estão sempre em constante movimento retilíneo uniforme. Como todos eles buscam seu lugar natural, eles estão sempre ou em direção ao centro da Terra ou em sentido contrário ao centro. Em outras palavras:
. Os corpos pesados, como água e terra, tendem para baixo, pois esse é o seu lugar natural.
. Os corpos leves, como fogo e ar, tendem para cima, pois esse é o seu lugar natural.
A partir dessa teoria, Aristóteles explica a queda dos corpos. Um corpo cai porque sua essência é tender para baixo, e seu movimento só é interrompido quando algo o impede de prosseguir seu deslocamento. A ciência grega é, portanto, qualitativa (não faz o uso da matemática), porque sua argumentação se baseia na análise das propriedades dos corpos, nas suas essências.
A biologia
Aristóteles classificou cerca de 540 espécies e realizou dissecações para a análise das estruturas anatômicas de diferentes animais.
A astronomia
Foram os gregos que buscaram, pela primeira vez, como explicar o movimento dos astros de forma racional, para entender a natureza do cosmo.
Na cultura grega, o círculo era considerado como forma perfeita, por não ter início nem fim e o movimento ser permanente e sem mudanças.
Quando Aristóteles se perguntou de onde vinha o movimento inicial, ele concluiu que só poderia vir de Deus, Primeiro Motor Imóvel e Ato Puro. Deus impulsiona a última esfera (a esfera das estrelas fixas), movimento que é transmitido por atrito às esferas contíguas, até a Lua, na última esfera interna. No centro, acha-se a Terra, também esférica, mas imóvel.
Segundo a cosmologia aristotélica, o céu é de uma natureza superior à da Terra. Sob essa perspectiva, o Universo divide-se em:
. Mundo Supralunar: constituído pelos céus, que incluem, na ordem, a Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter, Saturno e a esfera das estrelas fixas. Enquanto os corpos celestes são alinhados e perfeitos, não estando sujeitos às transformações, o movimento das esferas é circular, ou seja, o movimento perfeito.                Esse mundo é superior ao mundo sublunar.
. Mundo Sublunar: corresponde à região da Terra que, embora imóvel, é o lugar onde estão os corpos em constante mudança (humanos), portanto extinguíveis, corruptíveis, sujeitos a movimentos imperfeitos (que não é o circular), como o retilíneo para baixo e para cima.
A ética
A ética é a parte da filosofia que nos ajuda a refletir sobre o fim último de todas as atividades humanas, uma vez que tudo o que fazemos visa alcançar o bem. Examinando todos os bens desejáveis (como a riqueza, a honra, a fama, os prazeres), Aristóteles percebe que todos eles visam sempre a outra coisa e não são desfrutados por si mesmos. Pergunta-se então pelo sumo do bem, aquele que em si mesmo é um fim, e não um meio para o que quer que seja. E o encontra no conceito de “vida boa” ou “vida feliz”. Por isso, a filosofia moral de Aristóteles é uma eudaimonia (felicidade, bem-estar, estado de ser habitado por um bom gênio).
A felicidade
Os prazeres mencionados anteriormente não são condições necessárias para nos conduzirem à felicidade, porque só nos tornarão felizes as ações mais próximas daquilo que é essencialmente peculiar, especial ao homem. E o que mais o caracteriza é a atividade da alma que segue um princípio racional, ou seja, o exercício da inteligência teórica, da contemplação.
A virtude
Virtude é a permanente disposição de caráter para querer o bem, o que supõe a coragem de assumir os valores escolhidos e enfrentar os obstáculos que dificultam a ação. É ideia de força e capacidade. Em moral, a virtude é a força com a qual nos aplicamos ao dever e o cumprimos.
É por isso que a vida moral constitui-se numa repetição do agir moral e não em um só ato. O agir virtuoso é um hábito, fundado no desejo e na capacidade de perseverar no bem, assim como a felicidade supõe a vida toda e não se reduz a um só momento. A virtude resulta da prática, do hábito.
O justo meio
A moral enfrenta dificuldades de lidar com as paixões humanas, a fim de submetê-los à ordem da razão. Por isso, Aristóteles desenvolve a teoria da mediana, segundo a qual toda virtude é boa quando controlada no seu excesso e na sua falta. Ou seja, agir virtuosamente é encontrar o justo meio entre dois extremos, que são chamados vícios. É difícil determinar o justo meio e os extremos. Exemplo: no trato com os outros, a virtude é a afabilidade, enquanto seus extremos são a subserviência e a grosseria.
Justiça e amizade 
Ao se referir à justiça, Aristóteles recorre aos termos de proporção e igualdade. Deve-se distribuir igualmente os bens em sua devida proporção, o que nos faz lembrar a teoria do justo meio: não se deve dar às pessoas nem demasiado nem de menos.
Aristóteles considera a amizade o coroamento da vida virtuosa, possível apenas entre prudentes e justos, já que a amizade propõe justiça, generosidade, benevolência e reciprocidade dos sentimentos. Amar a si e aos amigos de maneira generosa e desinteressada “é o que há de mais necessário para viver”.
A política
Aristóteles não concordava com a utopia platônica, pois a considerava impraticável e autoritária no contexto da cidade. Também não concordava com o poder ilimitado a uma só parte do corpo social.
Destacou a importância da philia, palavra grega que significa “amizade”, mas que tem um significado muito mais abrangente quando se refere à cidade. Nesse caso, significa a concordância entre pessoas de ideias e interesses semelhantes, de onde resulta o companheirismo. Por isso a educação da formação ética dos indivíduos é muito importante, pois os prepara para uma vida na comunidade.
A amizade não se separa da justiça. Essas duas virtudes se relacionam e se complementam, fundamentando a unidade que deve existir na cidade.
Quem é cidadão?
A democracia grega excluía da cidadania as mulheres, os escravos e os estrangeiros. Aristóteles mantém essa exclusão, mas propõe a discussão do que se entende por cidadania, que consiste no direito de participar da vida pública.
Para Aristóteles, o homem é um animal político. Ele não considerava artesãos cidadãos, porque acreditava que a atividade manual que eles exerciam, embrutecia sua ala e tornava difícil sua prática de uma virtude esclarecida. Além disso, seu tempo era tomado por trabalhos cotidianos.
Para ele, os homens livres e concidadãos aprisionados em guerras não deveriam ser escravizados, mas sim os “bárbaros” (nome atribuído aos não gregos), que eram “inferiores”. Recomendava um bom tratamento aos escravos, para que eles pertencessem à família.
As formas de governo
Aristóteles estabeleceu uma tipologia das formas de governo que se tornou clássica. Aristóteles considerava a monarquia, a aristocracia e a politeia formas corretas e adequadas de exercício do poder. Mas, preferia a politeia (o governo de muitos, república), à qual contrapunha a democracia, entendida como a maioria pobre governando em detrimento da minoria rica.
O bom governo

Aristóteles acreditava que havia uma ligação indissolúvel entre a vida moral e a política, na medida em que as questões do bom governo, do regime justo, da cidade boa dependem da virtude do bom governante, que, pela prudência, será capaz de agir visando ao bem comum. 

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