Aluna: Christine Lobo
Há novos estilos de época chegando e contrapondo o
Romantismo: o realismo, o naturalismo e o parnasianismo. O primeiro trabalho de
um estilo ao se implantar em uma sociedade é destruir o estilo anterior de
maneira definitiva. Como o Romantismo foi um estilo extremamente forte, foram
necessários três estilos anti-românticos para exterminá-lo. Todos os três
estilos tinham o objetivo de destruir o romantismo.
Existe um pêndulo de alternância entre estilos que se
utilizam da objetividade e estilos que se utilizam da subjetividade. Há uma
troca constante entre essas duas visões.
Realismo 1
Primeiro movimento que se opõe ao Romantismo, que era
baseado em subjetividade e idealização. Portanto, era necessária a destruição
dessas duas bases.
O realismo era um estilo artístico, ou mesmo um estilo de
época, que teve hora para se iniciar e hora para terminar.
A história do realismo começou por volta de 1850, na França,
através da publicação de um romance muito polêmico denominado Madame Bovary. Essa história chocou tantas
pessoas acostumadas com o Romantismo, que Gustave Flaubert (o autor) fora preso
e julgado. O motivo do susto era o fato de a madame ter ´cometido adultério
“sem motivo”.
Nesse caso, esse
livro buscava tanto a objetividade
(opondo-se à subjetividade romântica) quanto a realidade (opondo-se ao sonho e à idealização
romântica).
Ao mesmo tempo, além de objetividade e realidade, os
realistas utilizam-se do fato, ou seja, a realidade é baseada em fatos, não em
opiniões. Há também uma exploração maior da veracidade, isto é, os realistas
desejam que a história além de ser baseada em fatos, seja provável de
acontecer. No romantismo, a subjetividade do autor distorce a veracidade do
fato histórico. No Realismo há a exibição da realidade como ela verdadeiramente
é.
O Realismo também é extremamente misógino. Há uma situação
de que nenhuma mulher é boa o suficiente, por isso a mulher adúltera é o tema
mais trabalhado no Realismo, chocando-se diretamente com a mulher sendo um ser
superior no romantismo.
O Cientificismo na literatura foi impulsionado pela
Revolução Científica na Europa.
Quando Darwin comprova em sua teoria da evolução que o homem
é fruto de um ser inferior que se evoluiu, o mundo inteiro se chocou.
Realismo 2
O Realismo 2 falará de uma grande Revolução que sepulta o
Romantismo de vez: a Revolução Científica. À medida que a ciência se impõe, o
misticismo começa a cair. Todos os escritores, nessa época, passaram a ler
livros de caráter científico.
Lição de Anatomia: quadro que chocou muitas pessoas,
representando o corpo humano de um defunto. Os cristãos acreditam que o corpo é
sagrado, portanto um defunto ser avaliado anatomicamente causou grande horror.
Charles Darwin
Escreveu a obra intitulada A Origem das Espécies, dividindo o mundo ao romper a teoria
criacionista, propondo o evolucionismo.
Foi uma carga revolucionária muito grande para a sociedade descobrir que o
homem não fora criado, mas sim evoluído de um ser mais simples.
Evolucionismo: evolução das espécies e sobrevivência dos
mais aptos e fortes. Nessa época, as personalidades das pessoas mudam no mundo
literário. Os escritores passam a explorar a ciência e os instintos animais do
homem, que de acordo com eles, poderia trair sua mulher por necessidade.
Já a personagem do realismo feminino passa a ser adúltera.
Entra o lugar da fêmea que trai seu marido. Enquanto a mulher do Romantismo era
idealizada, a mulher do realismo era carnal e infiel. Muitos escritores
compreenderam essa mensagem de Darwin.
Hippolyte Taine
Escreveu a obra denominada “Historie de la littérature anglaise (1864)”. Antes, acreditava-se
que o homem nascia com suas características e destinos definidos. Taine cria,
então, o determinismo, que
requer a compreensão de três fatores determinantes: raça, meio ambiente e
momento histórico. As pessoas são frutos do meio em que estão inseridas. Isso
destrói o pensamento de classes sociais. Existem momentos que te implicam a
fazer coisas que não faríamos se não estivéssemos inseridos em certos meios (A ocasião faz o ladrão). O momento pode
fazer as pessoas serem completamente diferentes.
Auguste Comte
Escreveu o “Curso de
filosofia positiva”, representando uma reação contra o apriorismo (“Eu acho”, “eu penso”, “em minha opinião”), o formalismo e o idealismo, exigindo
maior respeito para a experiência e os dados positivos. Para Comte, o que não
era comprovado, era uma mentira. Era necessária uma prova material. Por isso,
ele é relacionado ao positivismo:
comprovação de fatos.
Para Comte, o mundo vivera três fases: a fase mítica, a fase
teológica e, no momento em que ele desenvolvia suas teorias, a fase científica.
A sociedade, ao contrário dos escritores, não estava pronta
para esse mundo científico que se inaugurava. Eles não estavam prontos para
compreender a teoria de Darwin.
Na Europa, a efervescência científica resultou em dois
estilos literários: o realismo e o naturalismo.
Machado de Assis foi o grande representante do realismo
brasileiro, tendo escrito a primeira obra realista (Memórias Póstumas de Brás
Cubas). Inicialmente, ele era romantista, mas após escrever essa obra, passou a
ser realista.
Romantismo:
. Ênfase na fantasia, predomínio da emoção, subjetividade e
personagens idealizados.
Realismo:
. Ênfase na realidade, predomínio da razão, objetividade,
retrato fiel das personagens, mulher numa visão real, sem idealizações.
.
Forte influência de Gustave Flaubert (França), sendo ele o inaugurador do
realismo com sua obra anti-romântica Madame Bovary. .
Romance documental, apostando na observação e na análise.
Naturalismo:
. Determinismo biológico, objetivismo científico, ser humano
sob ótica animalesca e sensual, descrição e narrativa lenta, fatos
biologicamente determinados (Comte). O naturalismo aprofunda, radicaliza o que
o realismo propõe. . Forte influência da literatura de Émile Zola (França). . Romance experimental, apostando na experimentação e na observação
científica.
Machado de Assis
Machado de Assis, escritor muito
famoso do século XIX e início do XX, foi um romantista que se transformou em
realista, inaugurando o segundo estilo citado no Brasil. Ele escrevia apólogos,
tipo de narrativa em que se utilizam figuras e seres inanimados,
imaginariamente dotados de palavras e que nos ensinam lições de moral e de
sabedoria.
Era uma vez uma
agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por
que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que
vale alguma cousa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a
deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável?
Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que
cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem
cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu.
Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas
você é orgulhosa.
—
Decerto que sou.
— Mas
por quê?
— É
boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é
que os cose, senão eu?
—
Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os
cose sou eu e muito eu?
— Você
fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição
aos babados...
— Sim,
mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem
atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
—
Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você
é imperador?
— Não
digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai
só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que
prendo, ligo, ajunto...
Estavam
nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em
casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás
dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha,
enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da
costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui
entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era
logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está
para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta,
calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não
se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a
costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no
outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a
noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se,
levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto
compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui
ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha,
perguntou-lhe:
— Ora,
agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do
vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas,
enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio
das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola.
Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí
ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
Onde me espetam, fico.
Contei
esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de
agulha a muita linha ordinária! (lição de moral)
No apólogo acima, escrito por Machado de Assis, a
interferência do narrador existe, mesmo que seja pequena. Machado junta dois
gêneros literários para criar tal modelo de texto: o narrativo e o dramático.
Ele começa a história com o costumeiro “Era uma vez”, o que demonstra um típico
narrador observador. Entretanto, Machado é um narrador intruso no apólogo, ou
seja, ele se insinua na narrativa, mas não tem função no texto.
Machado de Assis é um
impiedoso crítico do ser humano. Sua obra se dedica em tal fator. Existe uma
universalidade muito comum em seus textos, ou seja, mesmo que ele morasse no
Cosme Velho e suas histórias se passassem sempre no espaço do Rio de Janeiro, ele
atinge pessoas de diferentes cantos do mundo. Machado projeta a identificação
de qualquer pessoa e cultura em suas obras. Ele criticava o ser humano como um
todo.
Joaquim Maria Machado
de Assis nasceu no Morro do Livramento em 1839 e morreu no Cosme Velho em 1908.
Essa mudança de espaços demonstra que, antes, ele possuía certa dificuldade
financeira e morre em um local extremamente valorizado. É uma diferença muito
grande para um negro em uma sociedade negra escravista. Perdeu a mãe muito
cedo, com apenas 10 anos, mas foi esta que o ensinou alfabetizou.
Mesmo que Machado de
Assis fosse negro, ele lutava o máximo possível para não parecê-lo, para se
embranquecer. O único contato que ele teve com a escola e com aulas foi através
de sua madrasta, uma doceira que vendia doces nos centros de ensino. Machado
era frequentemente ofendido e mandado para fora de tais instituições.
A madrinha de Machado
de Assis era proprietária das terras onde ele nasceu, e o avô dele era escravo
desta proprietária. Com o seu aprendizado através de sua mãe, ele conseguia
entrar na biblioteca da madrinha.
É importante destacar
que, se existisse mesmo o misticismo que o cientificismo combateu (durante o
realismo), o destino estaria totalmente contra Machado de Assis. Ele era gago,
epilético, negro em uma sociedade escravista e racista, nunca frequentara a
escola e nasceu no Morro do Livramento. Tudo estava contra Machado de Assis,
mas ainda assim, ele se tornou um dos maiores escritores do Brasil e do mundo.
O Jovem Machado
Aos 16 anos, Machado partiu do Morro do Livramento
(provavelmente por uma briga que teria tido com a sua madrinha). Já aos 17
anos, tornara-se um tipógrafo na gráfica da Tipografia Nacional e fez amizade
com Manuel Antônio de Almeida, seu diretor que escreveu Memórias de um Sargento
de Milícias.
A amizade com Almeida leva Machado de Assis aos 19 anos a
ser revisor do
famoso Correio Mercantil, prestigiado jornal da época. Ele era tão único e
diferente que com apenas 19 anos, revisava textos de grandes escritores brasileiros,
como José de Alencar. Lembra-se de passagem, que Machado nunca havia
frequentado a escola.
A seguir há um poema em que Machado de Assis escreveu
durante a época em que ainda fazia parte do Romantismo. Nesse caso, há certa
erotização do poema, assim já vencendo as barreiras do estilo tão poderoso.
Visio
Eras pálida. E os cabelos,
Aéreos, soltos novelos,
Sobre as espáduas caíam...
Os olhos meio cerrados
De volúpia e de ternura
Entre lágrimas luziam...
E os braços entrelaçados,
Como cingindo a ventura,
Ao teu seio me cingiam...
Depois, naquele delírio,
Suave, doce martírio
De pouquíssimos instantes,
Os teus lábios sequiosos,
Frios, trêmulos, trocavam
Os beijos mais delirantes,
E no supremo dos gozos
Ante os anjos se casavam
Nossas almas palpitantes...
Depois... depois a verdade,
A fria realidade,
A solidão, a tristeza;
Daquele sonho desperto,
Olhei... silêncio de morte
Respirava a natureza —
Era a terra, era o deserto,
Fora-se o doce transporte,
Restava a fria certeza.
Desfizera-se a mentira:
Tudo aos meus olhos fugira;
Tu e o teu olhar ardente,
Lábios trêmulos e frios,
O abraço longo e apertado,
O beijo doce e veemente;
Restavam meus desvarios,
E o incessante cuidado,
E a fantasia doente.
E agora te vejo. E fria
Tão outra estás da que eu via
Naquele sonho encantado!
És outra – calma, discreta,
Com o olhar indiferente,
Tão outro do olhar sonhado,
Que a minha alma de poeta
Não vê se a imagem presente
Foi a visão do passado.
Foi, sim, mas visão apenas;
Daquelas visões amenas
Que à mente dos infelizes
Descem vivas e animadas,
Cheias de luz e esperança
E de celestes matizes;
Mas, apenas dissipadas,
Fica uma leve lembrança,
Não ficam outras raízes.
Aéreos, soltos novelos,
Sobre as espáduas caíam...
Os olhos meio cerrados
De volúpia e de ternura
Entre lágrimas luziam...
E os braços entrelaçados,
Como cingindo a ventura,
Ao teu seio me cingiam...
Depois, naquele delírio,
Suave, doce martírio
De pouquíssimos instantes,
Os teus lábios sequiosos,
Frios, trêmulos, trocavam
Os beijos mais delirantes,
E no supremo dos gozos
Ante os anjos se casavam
Nossas almas palpitantes...
Depois... depois a verdade,
A fria realidade,
A solidão, a tristeza;
Daquele sonho desperto,
Olhei... silêncio de morte
Respirava a natureza —
Era a terra, era o deserto,
Fora-se o doce transporte,
Restava a fria certeza.
Desfizera-se a mentira:
Tudo aos meus olhos fugira;
Tu e o teu olhar ardente,
Lábios trêmulos e frios,
O abraço longo e apertado,
O beijo doce e veemente;
Restavam meus desvarios,
E o incessante cuidado,
E a fantasia doente.
E agora te vejo. E fria
Tão outra estás da que eu via
Naquele sonho encantado!
És outra – calma, discreta,
Com o olhar indiferente,
Tão outro do olhar sonhado,
Que a minha alma de poeta
Não vê se a imagem presente
Foi a visão do passado.
Foi, sim, mas visão apenas;
Daquelas visões amenas
Que à mente dos infelizes
Descem vivas e animadas,
Cheias de luz e esperança
E de celestes matizes;
Mas, apenas dissipadas,
Fica uma leve lembrança,
Não ficam outras raízes.
A construção da obra machadiana
Machado de Assis sempre fora um voraz leitor. Lia dos
grandes clássicos aos ais contemporâneos livros do tempo. Foi lendo que
construiu a sua imaginação tão poderosa, mesmo o seu universo espacial sendo
mínimo. Era proficiente em inglês (sendo tradutor de vários livros), francês,
italiano, latim e alemão.
Alguns de preferidos livros influenciaram a criação de sua
obra. Dentre eles, podemos destacar:
Laurance Sterne: escreveu Opiniões do Cavaleiro Tristem Shandy, no
qual a postura era totalmente anti-romântica. Laurance agredia e confrontava o
leitor em seu livro. Machado de Assis foi extremamente influenciado por tal
escritor e Memórias Póstumas de Brás Cubas demonstra tal fato. Isso se comprova
porque a metalinguagem está presente em tal obra, assim como a conversação com o
leitor. Essa foi uma das características mais marcantes de Machado de Assis.
Jonathan Swift: escreveu As viagens de Gulliver, obra na qual se
demonstra uma imensa quantidade de ironia e humor. Machado começa a utilizar
muita ironia em Brás Cubas e suas críticas começam a aparecer de forma
implícita, não diretamente como no Romantismo.
Xavier de Maistre: escreveu Expedição Noturna ao redor do meu quarto, tendo
a sua obra influenciado a de Machado.
Almeida Garret: escreveu Viagens na
minha terra, que tem como característica o fato de que os problemas de nossas
vidas não nos abandonam simplesmente, relacionando-se nesse sentido ao
pessimismo tão trabalhado por Assis.
William Shakespeare: autor mais citado
nas obras de Machado, pelo qual este é fascinado.
A obra
. Fase Romântica:
. Ressurreição
(1872)
. A mão e a luva
(1874)
. Helena (1876) –
surge o incesto
. Iaiá Garcia (1878)
. Fase Pós-Romântica:
. Memórias Póstumas
de Brás Cubas em 1881, que causou uma grande rejeição à sociedade. Machado
somente o publicou devido à insistência de sua esposa, Carolina Augusta.
. Quincas Borba em
1891. A rejeição causou a Machado de Assis um afastamento de 10 anos da
escrita. Nesse livro, Machado dá ao publico o que ele deseja, ou seja, o
romantismo.
. Dom
Casmurro em 1900. Essa foi a grande obra de Machado de Assis, que reuniu a
inovação técnica e uma história de amor e ciúme. Há a implantação de uma
técnica narrativa inovadora nesse livro e ele trabalha tanto o realismo quanto
o romantismo em tal obra.
. Esaú e Jacó em
1904. Esse foi o ano da morte de Carolina.
. Memorial de Aires
em 1908. Esse romance foi quase biográfico, demonstrando seu sofrimento após a
morte de Carolina.
As quatro
características principais presentes na obra de Machado de Assis são:
pessimismo, metalinguagem, ironia e crítica ao ser humano.
Metalinguagem:
“A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino
leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e
adeus.”
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias
pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento
ou a minha morte.”
“Se não conto os mimos, os beijos, as admirações,
as bênçãos, é porque, se os contasse, não acabaria mais o capítulo, e é preciso
acabá-lo.”
Pessimismo: O pessimismo de
Brás Cubas se dá pelo fato dele ter sempre rondado a periferia do poder,
de ter passado pela vida sem ter conseguido nenhuma conquista que o tornasse
famoso perante a sociedade. É no último capítulo do livro que Brás
Cubas faz uma síntese de suas negativas e de seus fracassos e nos expõe
mais uma vez o seu pessimismo.
“Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. [...] ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: ---- Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.”
Ironia: a ironia é caracterizada como uma figura de pensamento que consiste em sugerir, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. Seu aspecto importante é o fato de ela não estar nas palavras em si, mas “por trás” das palavras. É formada pela piada, mas também pela melancolia. Por trás da ironia e do humor, a melancolia está presente.
“Bom e fiel amigo! Não, não me
arrependo das vinte apólices que lhe deixei".
“Isto que parece um simples inventário, eram notas que eu havia
tomado para um capítulo triste e vulgar que não escrevo.”
Crítica ao ser humano: o singular desse
tópico é de que ele é criado através da metalinguagem, do pessimismo e da
ironia.
“Bom e fiel amigo! Não, não me
arrependo das vinte apólices que lhe deixei".
“O maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de
envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o
estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios,
guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham,
ameaçam o céu, escorregam e caem...”